Nos muros das casas
Janelas de ônibus
Adesivos em carros
No alto de postes
Nos galhos das árvores
Espalhado ao chão
Nos homens, em mãos,
Mulheres, crianças,
Pai, mãe e tia
A trinta reais o dia.
No horário nobre
Da televisão
Na humilde fala
Do locutor
No segundo caderno
Das mãos cidadãs
Na manchete,
Anúncios, classificados
E na boca do povo
Que nem ouve nem responde.
Pra cada lado, acima e abaixo
Paisagem vislumbrada
E estrada percorrida
A cada passo
Em meus limites não previstos
Um sorriso eu avisto.
Sorrisos brancos,
Amarelos,
Arredondados,
Quadrados,
De dentes inteiros e quebrados.
Sorrisos verdadeiros
De sorrisos falsos
Sorrisos que enganam
Quaisquer pés descalços
E sem dúvida alguma
Esses são maioria
Num universo de “eu quero”,
“eu prometo”, “eu faço” ou “eu faria”.
De saneamento
A sacos de cimento.
Mil promessas prometem
Prometendo aumento
E o bolso do povo grita
E a ferida do povo grita
E o câncer do povo grita
E o povo morto grita:
Quem se importa com os sorrisos?
de Lisa Stér Cöy.
Vejo vocês no Muquifo!