"Eu só exijo me sentar!"

     Ontem, dia 15 de junho de 2010, cerca de 14 horas, eu estava dentro de um ônibus abarrotado de pessoas. Para ter ideia da situação, eu estava sentada num degrau atrás do banco do motorista! Incrível foram fatos - ou escândalos - acontecendo por um único motivo na mesma viagem.
     Ao entrar no ônibus, já cheio - o ônibus é o 751 ou 996, que tem alguns bancos para idosos e especiais antes da roleta -, fiquei em pé antes da roleta. Todos os bancos estavam ocupados. Entrou uma senhora que parecia estar mancando um pouco, então parou quieta no canto dela e segurou na barra de apoio. De repente uma outra senhora abriu a boca e gritou: "Esses jovens ficam sentando nos bancos reservados para idosos! Não se mancam!". Todos ficaram apavorados com a atitude dela. Quando alguém, disfarçadamente e com uma voz tenra falou ao seu lado: "Ele é especial", onde essa senhora enfiou a cara?! Não sei!

     Chegando em um certo ponto, antes de subir a ponte Rio-Niterói - eu já havia me encolhido atrás do banco do motorista nessa hora - entrou uma moça, rondava entre os 30 anos, com duas muletas. Ela viu que o ônibus estava entupido, impossível até mesmo de respirar. Logo no 1º degrau da escada - vejamos, nem havia entrado direito no ônibus - gritou para o motorista: "Eu só exijo me sentar!"
     Onde está a autoridade dela de se pôr falando para os idosos que estavam sentados ali na frente se levantarem para ela sentar?
     "Ninguém vai levantar não?!" - falou, em tom de deboche. "Tá, eu vou passar pela roleta que lá não tem idosos e vão ter que levantar pra mim. Trocador libera a roleta!"
"Dinheiro ou cartão?" o pobre trocador perguntou.
"Tá brincando comigo? Eu estou de muleta (bastante ênfase na parte grifada), tenho direito de não pagar a passagem!"
"Minha senhora, não posso te deixar passar sem pagar. A senhora não grite por favor."
"Ok, para evitar confusões eu irei pagar" (muito mais ênfase na parte grifada) Se ela quisesse evitar confusões no mínimo gritaria menos!
     A esta altura do campeonato o ônibus inteiro já estava ciente da situação e da imensa arrogância da pessoa.
"Alguém vai me dar lugar?!" - perguntou.
"Ninguém vai se levantar?" - repetiu.
     Neste instante, se virando diretamente a uma menina que estava a sua frente, disse:
"Levanta! Eu estou de muleta e quero sentar!"
"Minha senhora, aqui você não tem o direito de exigir o banco. Se quisesse se sentar esperava o próximo ônibus." - tentou amenizar a coitada da menina sentada que estava vermelha de vergonha já. Quem daria o lugar para uma pessoa tão mal educada?

     Por fim, um senhor (repito, senhor, velho, mais acabado que a pessoa de muleta) se levantou e disse: "Senta aí".
     Mas não foi um senta aí qualquer. Nas entrelinhas estava claramente escrito: "Cala a boca e senta logo, prefiro ficar em pé do que aturar uma louca berrando a viagem inteira". Você acha que ela calou a boca? Ainda ficou resmugando durante uns 10 minutos até perceber que estava sendo totalmente ignorada.
     O que lhes falta na saúde certamente não sobra na educação! Essa é a frase do dia. Se ela tivesse sido educada, teria tornado menos tensa a viagem do motorista e do trocador que estavam fazendo hora extra e perdendo o jogo do Brasil na copa do mundo. Teria deixado os passageiros menos incomodados, pois já estava praticamente impossível aquele ônibus cheio de gente, cheio de calor, no meio no engarrafamento...
     Será que para eles valeu a pena?


     Vejo vocês no Muquifo!

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